O setor da construção civil tem uma importância estratégica como potenciador da economia portuguesa. Mas o que podemos esperar do futuro da construção civil num ano marcado pela disrupção que, a nível global, reformulou o maior ecossistema do mundo?
Não obstante 2021 ser um ano de profundas mudanças, com impacto em qualquer indústria, à semelhança do observado em 2020, prevê-se que a atividade do setor da construção mantenha uma evolução moderada e globalmente positiva. A generalidade das previsões, entre as quais das associações dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas, apontam para uma taxa de crescimento de a rondar os 2,2% para este ano, prevendo-se que Portugal reto- me a trajetória de crescimento a partir de 2022.
Mas a transformação no ecos- sistema da construção já estava a marcar o setor antes da pandemia, com um ambiente de mercado em evolução, o progresso tecnológico e novos players. Estou otimista quanto ao futuro da indústria da construção civil em Portugal e em relação ao impacto que trará aos negócios adjacentes. Catalisadores como a industrialização, novos materiais, digitalização, regulamentos mais rígidos sobre sustentabilidade e segurança irão redefinir o futuro da indústria nos próximos anos.
As pessoas também mudaram a sua perspetiva e a forma como pensam sobre as suas casas e pro- curam, cada vez mais, um melhor aproveitamento dos espaços. Desta forma, em relação à atividade na construção residencial, temos observado uma resposta proativa, através da reconstrução e renovação de espaços privados e reabilitação de edifícios residenciais, o que se traduziu num aumento da venda de materiais de construção. As alterações ao nível da forma de trabalhar, o reforço do tempo em casa, o aparecimento de novos modelos de trabalho e de estar, e a utilização de ferramentas tecnológicas mais intuitivas têm contribuído ainda para uma evolução favorável na área da remodelação.
A aposta na renovação dos espaços, como a cozinha, que se tornou o centro da vida familiar, salas de banho e espaços exteriores (pátios, piscina) de forma a torná-los mais agradáveis e adaptados a estudar, trabalhar ou fazer exercício, é uma tendência crescente.
O impacto da renovação no setor da construção civil traz vários benefícios, tanto em termos económicos como ambientais. Esta é uma visão crucial para encorajar o setor da construção a desempenhar o seu papel em prol de uma economia de baixo carbono, um caminho rumo à sustentabilidade que o setor da construção deve também acompanhar. Esta é também uma prioridade europeia para todos os estados-membros, incluindo Portugal. Em 2020, a Comissão Europeia apresentou a sua Estratégia sobre a iniciativa Renovation Wave, com a intenção de duplicar a taxa de renovação na Europa nos próximos dez anos e contribuir para tornar o continente europeu neutro em carbono até 2050. Um caminho que devemos seguir.